31 de janeiro de 2015

Por uma política da diferença

Como uma última atividade para o semestre, foi proposto que fizéssemos um resumo sobre o que entendemos a respeito do texto "Por uma política da diferença", de Elisabeth Macedo. Este texto, super interessante e útil para que o entendimento da necessidade de pensar que a educação precisa ser vista como uma enunciação, um processo de ação, tendo como meio para exemplificar e explicar as políticas educacionais, o multiculturalismo e tudo que a cultura envolve, serve muito para que nós, futuros educadores, tenhamos bases e uma forma sólida de pensamento a respeito de uma política real da diferença, que seja verdadeira e existente.


Para começar a falar sobre o texto, é importante lembrar que para a autora, o multiculturalismo é um pisar em ovos, é estar em um terreno pantanoso. O multiculturalismo no texto é definido como um termo que possui significados bastante complexos e defendidos de diferentes formas, apesar de ser super utilizado nas políticas educacionais atualmente e sobre este assunto, de grande dificuldade para discussão, a autora explicou que existe uma grande diferença entre multiculturalismo como termo qualitativo  e multiculturalismo como doutrina política e me utilizo da ideia de figuras de grande importância para explicar cada uma delas: 

"Multicultural é um termo qualitativo. Descreve as características sociais e os problemas de governabilidade apresentados por qualquer sociedade na qual diferentes comunidades culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao mesmo tempo em que retêm algo de sua identidade original. Em contrapartida, o termo “multiculturalismo” é substantivo. Refere-se às estratégias e políticas adotadas para governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas sociedades multiculturais. É usualmente utilizado no singular, significando a filosofia específica ou a doutrina que sustenta as estratégias multiculturais. (HALL, 2006, p.50)."

"A doutrina multiculturalista da ênfase a ideia de que as culturas minoritárias são discriminadas, sendo vistas como movimentos particulares, mas elas devem merecer reconhecimento público. Para se consolidarem, essas culturas singulares devem ser amparadas e protegidas pela lei. O multiculturalismo opõe-se ao que ele julga ser uma forma de etinocentrismo (visão de mundo da sociedade branca dominante, que se toma por mais importante que as demais)."

O que é muito importante ressaltar sobre o multiculturalismo, é que os encontros de culturas diversas, ao longo do tempo, foram marcados pela construção de uma ilusória homogeneidade, em que se acredita que quer por uma suposta aceitação ou até mesmo respeito com o diferente, quer pela exclusão do diferente, a diversidade não mais existe ou está arquivada. A escola, atualmente, pode se configurar como um ambiente em que as diversas culturas estão em contato e as discussões a respeito da diversidade, cultural, racial e social é mais discutida e ao pensar sobre isso, é possível perceber que este talvez seja o maior desafio do educador hoje em dia, entender que esta ilusória homogeneidade, pode estar mascarada e sendo levada como real, apesar de as consequências da diversidade continuarem presentes.

Passando para uma outra parte de grande relevância do texto, intitulada de "Os projetos multiculturais" trata-se sobre o multiculturalismo crítico e também as críticas que os conservadores tem feito a respeito dos projetos multiculturais. Nesta parte, a autora analisa os projetos conservadores, liberais e multiculturais discutindo a diferença cultural, defendendo e argumentando que estes projetos tratam a diferença como diversidade, não alcançando assim, a parte mais importante, a explicação e as respostas as questões que envolvem uma sociedade cultural.

Logo depois, discute sobre as possibilidades e também as perspectivas em torno da tradução e diálogo entre as culturas e questiona se isso realmente é possível. Para explicar a essa questão que não resulta em respostas e discussões simples, Elisabeth apoia-se na ideia de Burbules e Rice (1993), explicando que na maioria dos projetos multiculturais a interação de diferentes culturas é vista como um processo de somatória, mas que é preciso entendê-la além disso. Para além desta ideia, a a diferença cultural precisa ser tematizada e pensada como um processo de articulação entre as culturas, sem a presença de termos como solidariedade, tradução e diálogo.

Para finalizar a analise do texto, não posso deixar de citar a questão do lugar da educação, já que as culturas são consideradas como incomensuráveis. Para explicar isto, me apoio no trecho em que a incomensurabilidade aparece como ponto de discussão:

"A incomensurabilidade e intraduzibilidade das culturas podem redundar em descrições de tal modo fragmentadas que não se pode sequer falar de mediações entre as culturas particulares." (Pág. 21)

Nesta parte do texto, a autora chega a sua grande questão central: par que a educação tenha uma razão significativa de ser como projeto, existe a necessidade de uma negociação entre as culturas particulares, negociação esta que será sempre política. Esta é a questão mais abrangente do texto. 

Então, é preciso pensar em algumas questões para que esta política da diferença possa ser realmente ativa e valida: é possível que haja uma convivência pacifica entre as culturas, mesmo com a existência de classes diferentes e poder envolvido? É possível que se consiga uma real hegemonia desmascarada? É possível uma interação entre as culturas sem que o preconceito se faça presente? É aí que se encontra o desafio.

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